A nova arena das stablecoins: Stripe e Circle travam uma disputa estratégica pelas soluções Layer 1

8/14/2025, 9:50:44 AM
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Stablecoin
O artigo apresenta uma análise abrangente sobre os motivos que levaram as duas empresas a selecionar a L1, além de explorar em profundidade seus objetivos estratégicos e os desafios potenciais envolvidos.

Dois lançamentos de blockchains Camada 1 voltadas para stablecoins em um único dia causaram grande repercussão nos mercados de criptomoedas e fintech.

O “Tempo” da Stripe foi lançado publicamente, enquanto a Circle revelou o “Arc” simultaneamente aos seus resultados financeiros.

À primeira vista, ambas as plataformas são blockchains públicas criadas para otimizar pagamentos.

No entanto, a lógica por trás de cada uma delas é bem distinta: Stripe é uma provedora de serviços de pagamento com controle profundo sobre a distribuição entre comerciantes e desenvolvedores, enquanto a Circle—responsável pela USDC—está ampliando sua stablecoin para transformá-la em uma rede completa.

Camada 1 vs. Camada 2: Decisões Estratégicas

Vamos começar pela questão central: Por que não seguir a estratégia da Coinbase (Base) ou adotar um modelo Camada 2 como fez a Robinhood?

Quando o diferencial competitivo é a distribuição—migrando milhões de usuários e comerciantes para a blockchain com facilidade—Camada 2 costuma ser a estratégia mais eficiente.

Nesse modelo, aproveita-se a segurança da Ethereum e o seu ecossistema de desenvolvedores para implantar rapidamente novas soluções, além de se beneficiar da economia das taxas dos sequenciadores.

O acesso aos usuários impulsionou o sucesso da Base e os aplicativos integrados da Coinbase, não por uma tecnologia disruptiva. Esse modelo já comprovou seu valor.

Então por que Stripe e Circle optam pela Camada 1?

Porque as “chains de pagamento” estão surgindo como um segmento independente do mercado.

Uma nova geração de Camada 1—centrada na Tether, incluindo redes Stable e Plasma—vem consolidando a ideia de que stablecoins precisam de sua própria camada base voltada para pagamentos: atuando como taxa de transação, garantindo taxas previsíveis e liquidações em frações de segundo—em vez de sempre serem “visitantes” em blockchains generalistas.

Esse movimento coloca pressão direta sobre a Circle: com stablecoins rivais estruturando camadas específicas de liquidação, a USDC não pode ser apenas mais um token; precisa se tornar infraestrutura fundamental.

Análise da Circle

Analisando com atenção, a estratégia da Circle vai além de uma postura defensiva.

Arc e Circle Payments Network (CPN) avançam juntas, inspiradas na abordagem “rede de redes” da Visa—mas agora no ambiente blockchain.

São soluções abertas, compatíveis com EVM, nativas em USDC, voltadas para pagamentos, câmbio e com perspectivas para aplicações em mercados de capitais.

O ponto central está em uma escolha audaciosa: a Circle está disposta a ceder mais receita do front-end para emissores e distribuidores, retendo apenas uma taxa pequena da rede para potencializar os efeitos de rede.

Esta é a estratégia adotada que as bandeiras de cartões usaram para crescer: taxas baixas, rápida adoção, construção de credibilidade e expansão dos pontos de conexão.

Por esse ângulo, “Arc vs. Stable/Plasma” é ainda mais decisivo do que “Circle vs. Coinbase”.

Se as redes ligadas à Tether definirem o padrão de “stablecoins nativas + pagamentos sem barreiras”, a Circle precisa ir além de criar pontes para infraestrutura de terceiros—ela deve ser a infraestrutura central de referência para todos os participantes.

Mais que marketing, a abertura precisa ser real: a distribuição dos validadores, a facilidade para desenvolvedores, as operações e saídas interchain vão mostrar se o Arc é uma infraestrutura pública genuína ou apenas tecnologia proprietária com nova marca.

Se não for assim, corre-se o risco de repetir o ciclo de descentralização, escalabilidade e recenteralização.

Análise da Stripe

No caso da Stripe, o potencial do Tempo como Camada 1 depende verdadeiramente do nível de abertura.

Se o Tempo for de fato público, com permissões mínimas, compatível com EVM e interoperável desde o início, a Stripe pode transformar seu alcance em motor de lançamento para uma rede aberta.

Não se trata de construir um ecossistema fechado para comerciantes, mas sim de criar uma infraestrutura pública, justa para todos.

Por outro lado, se governança, validação e pontes permanecerem sob controle direto da Stripe, rapidamente a comunidade vai se preocupar com dependência: hoje é um caminho fácil, amanhã pode virar uma taxa obrigatória.

A Visa já ensinou o setor: confiar realmente é resultado da interoperabilidade—não apenas do valor de marca.

Por isso, a escolha entre Camada 1 ou Camada 2 deve seguir o modelo de negócios central.

Para empresas emissoras como a Circle, evoluir para a camada de rede faz sentido.

O uso de USDC como taxa de transação, privacidade opcional, liquidação determinística e câmbio integrado atraem operações B2B internacionais, plataformas online e parte dos mercados de capitais; concorrentes obrigam a Circle a transformar escala em domínio de rede rapidamente.

Já para um processador de pagamentos como a Stripe, que domina o “último quilômetro”, a Camada 2 geralmente é a preferida.

Evita o peso da governança e da segurança da Camada 1, favorece a interoperabilidade e conquista o apoio dos desenvolvedores—exceto se o Tempo abraçar a abertura como fundamento desde sua concepção.

Ofensiva x Defesa

Existe a ideia popular de que Stripe está jogando no ataque, enquanto Circle estaria na defensiva na disputa pela Camada 1.

Esse raciocínio tem fundamento, mas não é completo.

A Stripe pode aproveitar sua distribuição para catalisar a demanda imediata; a Circle não tem canais diretos, com atividade dispersa entre redes e parceiros.

No entanto, se Arc e CPN trouxerem para o blockchain o modelo estratégico da Visa, a Circle passa a redefinir as regras de mercado pela estrutura de rede, não apenas pelo volume de transações.

A Circle está tornando serviços periféricos em commodities e padronizando a camada de liquidação central.

Mesmo que a receita da linha de frente fique com emissores, exchanges ou processadores, o ganho é o alcance abrangente da rede.

A Circle não precisa disputar volume com Base; pode reinventar sua estratégia de mercado.

O verdadeiro risco sistêmico é a fragmentação travestida de progresso.

Se todo grande player lançar uma “chain de pagamentos semiaberta”, voltamos à era das redes fechadas anteriores à internet.

A existência de redes isoladas, conectadas apenas superficialmente, eleva os custos e reduz a robustez do ecossistema.

O principal indicador não deve ser TPS, mas sim: É aberta de verdade? A saída é simples? Todos são realmente bem-vindos?

Escala autêntica só é possível se a abertura do protocolo for mantida—quebrando o ciclo de descentralização, escalabilidade e recenteralização.

Veja referências práticas para as empresas:

Para a Circle: lançar a rede de testes pública dentro do prazo; tornar o uso de USDC como taxa de transação tão fácil que qualquer comerciante possa aderir sem treinamento; publicar padrões transparentes e acessíveis para validadores; garantir que a CPN se mantenha multichain, evitando incentivos que centralizem o tráfego no Arc.

Para a Stripe: migrar para Camada 2 como Celo ou radicalizar a abertura do Tempo: incluir validadores externos desde o início, liberar o cliente e módulos centrais como código aberto, dissociar a governança da rede do controle corporativo e incorporar o modelo de “rede de redes” diretamente no protocolo, não só no discurso.

A distribuição continua acelerando a adoção, mas não deve comprometer a infraestrutura pública.

Conclusão

Esta disputa não é sobre velocidade ou funcionalidades—é sobre escolher entre protocolos abertos e infraestrutura proprietária.
A Circle segue uma estratégia ofensiva disfarçada de defensiva; se a Stripe investir em Camada 1, a abertura precisa ser compromisso absoluto—caso contrário, os melhores desenvolvedores buscarão alternativas.
No final, mais do que os números de TPS, vence quem constrói confiança universal e interoperabilidade no ecossistema.
Esse é o caminho para escalar sem comprometer a abertura do protocolo.

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